A Doença de Crohn afeta o trato gastrointestinal, mais comumente a última parte do intestino delgado e o intestino grosso – embora possa surgir também em outras regiões do trato, desde a boca até o ânus.
Não temos dados para mensurar a incidência da doença de forma homogênea no país. No estado de São Paulo a sua prevalência é de 52,5 casos para cada 100 mil habitantes.
Ao longo deste artigo falaremos mais sobre essa condição, seus principais sintomas e os tratamentos recomendados.
O que é Doença de Crohn?
A Doença de Crohn é uma patologia inflamatória, de caráter auto-imune, do trato gastrointestinal. Antigamente conhecida como ileíte, devido a se pensar que atingia apenas o íleo, porção final do intestino delgado, recebeu o novo nome porque Burril B. Crohn foi o primeiro nome listado em um artigo, de três autores, que descreveu a doença em 1932.
Sabe-se atualmente que a condição pode afetar outras partes do trato gastrointestinal, como vimos anteriormente.
Sua causa ainda não está definida, ao que parece é provocada por alguma desregulação do sistema imunológico, mas fatores genéticos e estresse também podem estar relacionados, tanto com o surgimento da doença quanto com o desencadeamento dos sintomas.
O que provoca e como se manifesta?
De acordo com o artigo “Doença de Crohn: Diagnóstico e tratamento” de Sérgio Junior e Paolo Errante, a condição é caracterizada por “episódios recorrentes de diarréia, dores abdominais com cólica e febre que pode perdurar por dias a semanas”.
Também são comuns sintomas como perda de peso, desnutrição e anemia, além do retardo do desenvolvimento das crianças acometidas. Segundo a mesma fonte, há presença de melena, ou seja, fezes muito escuras e fétidas, em pelo menos 50% dos casos com envolvimento do cólon.
Entre as manifestações clínicas da doença, podem estar presentes:
- Sangramento retal;
- Dores articulares;
- Diarréias com muco e/ou sangue;
- Fístulas e abcessos na região perianal;
- Dores abdominais;
- Perda de peso;
- Anemia.
Diagnóstico da Doença de Crohn
Como os sintomas da doença podem variar bastante de pessoa para pessoa e estão relacionados também a outras condições que atingem o trato gastrointestinal, seu diagnóstico, geralmente, é difícil.
O histórico do paciente, um exame físico, exames laboratoriais, exames radiológicos e exames endoscópicos são utilizados para análise de cada caso.
Entre os exames complementares requeridos podemos ter:
- Hemograma;
- PCR (marcador de inflamação no corpo);
- Exame de fezes (Dosagem de Calprotectina fecal, PPF, Cultura e antibiograma)
- Endoscopia Digestiva Alta;
- Ileocolonoscopia (Endoscopia Digestiva Baixa);
- Ressonância Nuclear Magnética;
- Tomografia Computadorizada;
- Entero-tomografia;
- Entero-ressonância;
- Trânsito de Intestino Delgado – com contraste de bário;
- Enema Opaco – exame de imagem, feito com contraste via retal;
- Exame Histopatológico (biópsia).
A doença de Crohn tem cura?
A Doença de Crohn é uma doença crônica e incurável, porém, hoje em dia, temos ótimos tratamentos que contribuem para controle de seus sintomas e de sua evolução.
Dessa forma, pacientes diagnosticados podem viver com tranquilidade, tendo uma vida ativa e de qualidade, desde que sigam as orientações médicas a respeito da condição. O gastroenterologista é o especialista responsável por diagnosticar e tratar a patologia.
Tratamento
O tratamento da Doença de Crohn possui diferentes frentes e tem como objetivos a indução e a remissão dos sintomas, focado na melhoria da qualidade de vida da pessoa. A terapia recomendada irá depender de alguns fatores, dentre eles gravidade, local de acometimento da doença e estado geral do paciente.
Antes de prosseguirmos em relação ao tratamento, é importante destacar que não existem tratamentos caseiros ou naturais para a condição. Em hipótese alguma, o indivíduo deve tomar qualquer tipo de medicação que não seja prescrita pelo seu médico.
Diferentes fármacos são utilizados no controle da Doença de Crohn, dentre eles aminossalicilatos, corticosteróides, antibióticos e imunossupressores. O tratamento medicamentoso tem como foco o alívio dos sintomas, a prevenção de outras complicações e reduzir o risco para o desenvolvimento de câncer de intestino.
Conforme o tempo de evolução da doença e a falha no tratamento clínico, ou em decorrência de complicações (obstrução intestinal total ou parcial, fístulas entéricas, abcessos e massas inflamatórias, hemorragias, perfuração, neoplasia maligna confirmada…), uma intervenção cirúrgica pode ser necessária.
O procedimento pode levar a perda extensos segmentos intestinais, além disso, o risco de complicação é maior que 40% se for realizado de forma tardia ou emergencial. Lembrando que devemos sempre tentar sermos mais econômicos possível na extensão das ressecções, pois como trata-se de uma doença crônica, o risco de intervenções cirúrgicas com a necessidade de novas ressecções, sempre existe.
Na maioria dos casos é indicada ainda uma terapia nutricional, que dependerá do estado do próprio paciente e visará a recuperação do seu estado nutricional e imunológico, com aporte adequado de nutrientes. A desnutrição é uma complicação frequente nesses pacientes e pode colaborar para piora do quadro e complicações multisistêmicas, por isso a questão merece toda atenção.
Outro fator importante é a realização de atividades físicas regulares e suporte psicológico, pois além de melhorar os índices de saúde física, auxiliam no equilíbrio emocional, que é fundamental para a persistência e seguimento no tratamento contínuo, e deste modo, permitindo uma vida ativa e mais próxima da normalidade.
Como coloproctologista, Dr. Alexandre Nishimura pode te auxiliar nos tratamentos clínicos e cirúrgicos da Doença de Crohn. Entre em contato e agende uma consulta.