Os abscessos anorretais são cavidades preenchidas com pus que se formam na região próxima ao ânus, causando desconforto intenso, em qualquer posição ou situação. Pode haver ainda eliminação de secreção amarelada ou sangramento.
Se trata de uma complicação, relativamente comum, embora seja difícil estimar a incidência da doença, já que em muitos casos o seu rompimento ocorre de maneira espontânea, de forma que sequer há procura por ajuda médica.
Quadros mais complexos podem evoluir para uma fístula anal, que é a persistência de uma comunicação anormal entre a parte interna do ânus e/ou reto com a parte externa ao redor do ânus. Além disso, a presença de abscessos anorretais é fator de risco para infecções graves caso o tratamento não seja realizado de maneira adequada, podendo evoluir para condições catastróficas como a síndrome de Fournier, que é uma gangrena necrotizante em que os tecidos apodrecem e geram infecções graves, inclusive com risco de morte.
Continue a leitura para conhecer melhor a condição, seus principais sintomas e as recomendações terapêuticas para ela.
O que são os abscessos anorretais?
Abscessos anorretais são cavidades purulentas formadas a partir da obstrução de uma cripta anal e sua glândula. Geralmente são polimicrobianos com bactérias aeróbias e anaeróbicas, na maioria dos casos Staphylococcus aureus, Streptococcus e Enterococcus, Escherichia coli, Proteus e Bacteroides.
Diversas doenças estão associadas ao seu desenvolvimento, dentre elas:
- Constipação intestinal;
- Diarréias persistentes;
- Doença de Crohn;
- Carcinoma anorretal e de órgãos adjacentes;
- Traumas anais;
- Fibrose por radiação;
- Linfoma de Hodgkin;
- Tuberculose;
- Infecções por clamídia;
- Actinomyces;
- Herpes;
- Linfogranuloma venéreo;
- Imunossupressão.
Classificação
De acordo com suas características anatômicas, os abscessos anorretais são classificados em:
- Submucosos: estão localizados abaixo da mucosa, justapostos à cripta.
- Isquiorretais: estão localizados na região do esfíncter anal externo até o espaço isquiorretal.
- Interesfincterianos: estão localizados entre os esfíncteres externos e internos, e não costumam causar alterações na pele à inspeção.
- Supraelevadores ou pelvirretais: estão localizados na região superior, invadindo o músculo supraelevador, e podem se originar de infecções critpoglandulares ou de um quadro inflamatório pélvico.
- Ferraduras: estão localizados, normalmente, em posição posterior ao canal anal e podem se expandir até o assolho pélvico, são uma variação do abscesso pelvirretal de maior complexidade. Apresentam esta nomenclatura pois possuem um trajeto em formato de ferradura, circundando o reto/canal anal.
Principais sinais e sintomas de abscessos anorretais
São possíveis sinais e sintomas de abscessos anorretais os seguintes:
- Dor intensa na região do ânus, principalmente, ao evacuar ou sentar;
- Caroço na região anal;
- Vermelhidão;
- Calor local;
- Inchaço;
- Aumento da sensibilidade no local;
- Febre;
- Sangramento;
- Eliminação de pus.
Diante de sinais e sintomas como os citados acima, recomenda-se a consulta médica urgente para uma avaliação completa do caso, e tratamento imediato!
Diagnóstico
Quando o paciente chega ao consultório com queixas, como as exemplificadas no tópico anterior, é realizada uma investigação em relação à possibilidade de um diagnóstico de abscessos anorretais. Na imensa maioria dos casos, o diagnóstico é clínico, por isto, a importância da avaliação com um coloproctologista.
Caso a dor relatada seja desproporcional aos achados clínicos, ou se não for possível identificar a extensão precisa dos abscessos, é necessário recorrer a exames complementares.
Assim, podem ser requeridos exames como a tomografia computadorizada ou a ressonância nuclear magnética. Além disso, a ultrassonográfica pode ser recomendada para diagnosticar abscessos interesfincterianos e submucosos, com maior facilidade de acesso e rapidez.
Tratamento para abscessos anorretais
A opção terapêutica dependerá do tamanhos dos abscessos, da gravidade do quadro de infecção e ainda do risco de infecções generalizadas, que podem acabar se tornando fatais. Entretanto, deve-se realizar o tratamento, imediatamente, após a definição do diagnóstico. E em geral, o tratamento para abscessos anorretais pode incluir:
Drenagem por meio de cirurgia
A drenagem do pus é a principal, e mais importante, forma de tratamento para abscessos anorretais, sendo útil para controle do risco de infecções mais complexas.
Trata-se de um procedimento cirúrgico simples realizado sob anestesia local e geralmente não requer internação.
Contudo, alguns cuidados são recomendados, como repouso, uso de analgésicos e banhos de assento com água morna.
Uso de antibióticos
Antibióticos são importantes para combater a infecção e são indicados mesmo após a drenagem em caso de abscessos maiores, principalmente se houver risco de infecção generalizada ou em pacientes imunossuprimidos. Portanto o uso de tais medicamentos é essencial para pacientes que possuem outras comorbidades, como diabetes, imunidade comprometida e obesidade
É importante lembrarmos que a automedicação é contraindicada. Portanto, o uso de medicamentos deve ser realizado, estritamente, sob prescrição médica. Lembrando que cada processo infeccioso necessita de um tipo específico de classe de antibióticos, devendo assim, ser indicado pelo médico especialista.
Tratamento de fístulas
Diante da formação de fístulas relacionadas ao abscesso, é importante também tratá-las.
O tratamento das fístulas se dá através de cirurgia ou inserção de material que estimula o seu fechamento, apenas o médico responsável poderá dizer qual a melhor solução para cada situação. Lembrando que as fístulas não fecham sozinhas, e deste modo, a intervenção médica será necessária para curar o problema.
Conclusão
Se você desconfia da presença de abscessos anorretais, procure atendimento médico. O primeiro passo para resolução do problema e recuperação completa da sua saúde e bem-estar é o diagnóstico. Se necessária intervenção, o profissional é a pessoa certa para te orientar.