Você deve conhecer alguém que fuma ou é ex fumante, certo? Não à toa, o fumo, até alguns anos atrás, era algo muito comum e praticado por grande parte da população brasileira, que podiam fumar até mesmo dentro de estabelecimentos.
Ainda que muitas pessoas também façam uso do tabaco, hoje, felizmente, estudos mostram que existe uma tendência para diminuir o número dos praticantes no país. Isso graças à conscientização cada vez maior dos males que podem trazer para nosso organismo.
Entre eles, as doenças intestinais são problemas sérios e, muitas vezes, maléficos para pacientes tabagistas, e iremos focar nisso ao longo deste artigo. Boa leitura!
Como funciona o vício do tabagismo
O fumo é o ato de consumir cigarro ou substâncias que contenham tabaco, como cachimbos, charutos, cigarros e cigarros de corda e palha.
Esse ato causa vício já que, no tabaco, existe em sua composição uma substância química chamada nicotina. Por sua vez, ela provoca a vasoconstrição dos vasos sanguíneos – ou seja, deixa os vasos mais finos, aumentando a pressão arterial.
Além disso, também estimula a produção de dopamina, um dos hormônios associados ao bem-estar e, por isso, pode ser considerada viciante.
Foi comprovado, também, que a nicotina pode causar mutações no DNA das células, que passam a se reproduzir de forma deficiente, o que pode desencadear o desenvolvimento do câncer.
Doenças intestinais: quais problemas podem surgir pelo fumo
Não só o câncer, as consequências do tabagismo são muitas.
O fumo é responsável por aumentar o risco de doenças fatais, como a enfisema, doenças cardíacas e doenças do sistema digestivo.
Mas você sabe quais os males podem trazer para nosso intestino? Entre eles, podemos citar o câncer, as úlceras pépticas, Doença de Crohn e pólipos do cólon. Conheça mais sobre elas abaixo:
Doença de Crohn
Esse problema intestinal ocorre quando há uma inflamação e irritação do trato digestivo, mas afeta com mais frequência o íleo terminal (parte inferior do intestino delgado) e o cólon (parte central do intestino grosso).
É uma doença crônica que pode causar diarréia, cólica abdominal, febre, perda de peso, perda de apetite, anemia e sangramento retal. Pacientes fumantes podem sentir de forma mais severa seus sintomas do que pessoas não fumantes.
Como afeta o intestino, ela interfere na absorção de nutrientes necessários para nossa saúde. Por isso, pode gerar mal estar, perda de peso e enfraquecimento.
Tratamento: O tratamento dessa doença intestinal vai depender do seu estágio, mas, no geral, consiste em conter o processo inflamatório com o uso de medicações e dieta específica, aliviar os sintomas, prevenir as recidivas e corrigir as deficiências nutricionais.
Se não tratada e levada a sério, a condição pode levar a complicações, como o desenvolvimento de câncer colorretal, bloqueio do intestino e/ou perfurações, exigindo cirurgias. Pacientes fumantes podem, inclusive, sofrer com a volta dos sintomas mesmo após o procedimento.
Úlcera péptica
A úlcera péptica é uma das doenças gastrointestinais em que o tabagismo deixa o paciente mais propenso a desenvolvê-la quando comparado com uma pessoa não fumante.
As duas principais causas de úlcera péptica são a presença de Helicobacter pylori (H.pylori) no tubo digestivo e o uso prolongado de anti-inflamatórios não esteroidais, como a Aspirina e o Ibuprofeno.
Pesquisadores estão estudando como o tabagismo contribui para o desenvolvimento da úlcera péptica, sendo que estudos sugerem que fumar aumenta o risco de infecção pelo H.pylori, retarda a cicatrização das úlceras pépticas e aumenta o risco dela recidivar.
O estômago e o duodeno contêm ácido, enzimas e outras substâncias que auxiliam na digestão dos alimentos, entretanto, essas substâncias também podem prejudicar o revestimento interno destes órgãos. Acreditam que o fumo não parece aumentar a produção de ácido, porém, fumar aumenta a produção de outras substâncias, tais como a pepsina (que é uma enzima gástrica que auxilia na digestão das proteínas), que podem ocasionar as ulcerações.
O tabagismo também pode diminuir fatores que protegem e/ou auxiliam na cicatrização da parede, como por exemplo, fluxo sanguíneo da parede, secreção de muco (líquido viscoso que protege a parede contra a ação do ácido gástrico), produção de bicarbonato de sódio (substância salina que neutraliza o ácido).
Dessa forma, quando os fumantes desenvolvem a condição, o cigarro tem a capacidade de retardar o processo de cicatrização das úlceras e aumentar sua probabilidade de recidivar.
Tratamento: O tratamento para a úlcera péptica consiste em uso de antibióticos específicos para combater a H. pylori, medicamentos inibidores da produção de ácido no estômago, evitar o fumo, evitar bebidas alcóolicas ou ácidas, adequação da dieta (evitar frituras, pimentas, alimentos gordurosos, alho, embutidos…) e, em casos mais graves, até mesmo a cirurgia.
Pacientes devem cortar, imediatamente, o hábito de fumar para que o tratamento seja realizado com sucesso.
Pólipos intestinais
Essa doença intestinal acontece quando ocorre uma proliferação excessiva de células, localizadas no interior da superfície do intestino grosso, mais especificamente na mucosa dos cólons e/ou do reto.
Geralmente, em estágios iniciais, a condição é assintomática. Apesar disso, a recomendação médica é removê-los para evitar seu desenvolvimento canceroso a longo prazo, pois como sempre digo: “os pólipos colorretais são sementes do câncer de intestino!”.
Mais uma vez, o tabagismo é um dos fatores de risco no processo de desenvolvimento dos pólipos, nos quais os fumantes têm pólipos maiores, mais numerosos e com maior possibilidade de recorrência.
Tratamento: Deve-se realizar a polipectomia, que é a remoção dos pólipos, durante o exame de colonoscopia. Alertando, que os que possuem mais de 1 cm apresentam maior potencial de malignidade, por isso, é muito importante identificá-los e retirá-los, precocemente. Após a retirada, e análise anatomopatológica, o médico coloproctologista avaliará se há a necessidade de continuação do tratamento.
Câncer de intestino / câncer colorretal
Quando os pólipos se desenvolvem para um estágio avançado, ocorre a formação de tumores malignos que caracterizam o câncer colorretal.
Para diagnosticar, precocemente, a condição, é essencial realizar, anualmente, o exame de sangue oculto nas fezes para pessoas acima de 45 anos e o exame de colonoscopia a cada, pelo menos, 5 anos. Lembrando que em pacientes com história familiar de tumores de intestino, mama, tireóide, cérebro, útero e ovário, a prevenção deve ser iniciada a partir dos 40 anos de idade ou 10 anos antes da idade do parente mais jovem acometido pelo câncer. Reforço ainda a importância da investigação a qualquer sinal e sintoma de alarme, como por exemplo, os sangramentos retais, anemia sem causa aparente, perda de peso sem estar fazendo dieta, dores ou distensões abdominais recorrentes, massas abdominais palpáveis e mudança do hábito intestinal.
Tratamento: Irá depender de caso a caso, mas, geralmente, baseia-se em cirurgia, radioterapia e/ou quimioterapia, sendo que mais do que um desses tratamentos combinados podem ser necessários.
Evite problemas intestinais parando de fumar!
O intestino é um órgão com funções essenciais relacionadas à nossa nutrição, imunidade e bem-estar. Por isso, para garantir sua saúde geral e intestinal, é essencial cessar com o hábito de fumar.
Por isso, principalmente, se você ainda está no grupo dos fumantes, não hesite em procurar um coloproctologista para deixar seu “UP-intestinal” em dia e evitar surpresas desagradáveis.
Vamos cuidar da nossa saúde intestinal e de forma integral? Entre em contato!