Como saber se estou com uma doença inflamatória intestinal?

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A doença inflamatória intestinal (DII) é uma condição crônica que afeta o trato gastrointestinal e pode causar sintomas debilitantes.

Duas das DIIs mais comuns são a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa. Identificar precocemente essas doenças é crucial para um diagnóstico e tratamento adequados. 

Neste artigo, discutiremos os principais sinais e sintomas associados à doença inflamatória intestinal – bem como os fatores de risco, métodos de diagnóstico e opções de tratamento disponíveis. Para saber mais, continue a leitura do artigo!

Afinal, como saber se estou com uma doença inflamatória intestinal?

Identificar se você está com uma doença inflamatória intestinal (DII) pode ser um desafio, uma vez que os sintomas podem variar de pessoa para pessoa e se assemelhar a outras condições gastrointestinais. No entanto, existem alguns sinais e sintomas comuns que podem indicar a presença de uma DII

É importante ressaltar que somente um profissional de saúde especializado pode realizar um diagnóstico preciso. Portanto, se você suspeitar de uma DII, é fundamental procurar a orientação de um médico coloproctologista ou gastroenterologista. Abaixo estão alguns dos principais sintomas que podem estar associados a doenças inflamatórias intestinais:

  • Diarréia persistente: a diarréia é um sintoma comum nas DIIs, podendo ser frequente e prolongada. A presença de fezes “soltas” ou líquidas por semanas pode indicar a necessidade de investigar uma possível DII.
  • Dor abdominal: a dor abdominal é um sintoma sugestivo das DIIs. Pode ser descrita como cólicas, desconforto ou dor aguda. A dor pode variar em intensidade e localização, afetando diferentes regiões do abdômen.
  • Sangramento retal: o sangramento retal, especialmente, quando acompanhado de diarréia, pode ser um sinal de inflamação no intestino e indicar a presença de retocolite ulcerativa ou doença de Crohn, formas mais comuns das DII.
  • Perda de peso inexplicada: se você está perdendo peso sem motivo aparente, é importante considerar a possibilidade de uma doença inflamatória intestinal. A perda de peso pode ocorrer devido à diminuição da absorção de nutrientes ou à redução do apetite causada pela inflamação no trato gastrointestinal.
  • Fadiga e fraqueza: a fadiga é um sintoma comum nas DIIs e pode estar relacionada à inflamação crônica, à deficiência de nutrientes e aos efeitos colaterais dos medicamentos utilizados no tratamento.
  • Anemia: especialmente se não houver uma causa aparente, a anemia pode indicar a necessidade de investigar uma possível doença inflamatória intestinal. A inflamação crônica e a perda de sangue nas fezes podem contribuir para a anemia.
  • Alterações no hábito intestinal: além da diarréia, as DIIs também podem causar constipação persistente, sensação de evacuação incompleta ou alternância entre períodos de diarréia e constipação, principalmente, em quadros complicados com estreitamentos da luz intestinal.

O que é uma doença inflamatória intestinal?

Tão importante quanto saber quais são os sintomas que podem levar a desconfiança deste diagnóstico é saber o que são as doenças inflamatórias intestinais, não é mesmo?

As DIIs são um grupo de condições crônicas, de caráter autoimune, que afetam o trato gastrointestinal, causando inflamação e danos ao revestimento do intestino. 

As duas formas mais comuns de DIIs são a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa – que, embora compartilhem algumas características semelhantes, têm diferenças distintas. Conheça a seguir:

    • Doença de Crohn: pode afetar qualquer parte do trato gastrointestinal, desde a boca até o ânus. A inflamação pode ocorrer em segmentos diferentes do intestino, com áreas de inflamação intercaladas com áreas saudáveis. A possibilidade de acometimento de todas as camadas da parede intestinal, na doença de Crohn, pode causar úlceras, estreitamento do intestino ou perfurações intestinais, além de complicações em outras partes do corpo, como articulações, pele e olhos. Os sintomas podem incluir dor abdominal, distensão abdominal, diarréia, perda de peso, fadiga e sangramento retal.
    • Retocolite ulcerativa: afeta os cólons (intestino grosso) e o reto. A inflamação, geralmente, começa no reto e se estende em direção às partes proximais dos cólons. A colite ulcerativa causa úlceras e feridas apenas na parede interna do intestino grosso (mucosa), levando a sintomas como diarréia com sangue ou muco, cólicas abdominais, necessidade urgente de evacuar e perda de peso.
  • Colite não classificada: ocorre quando não é possível distinguir, por meio dos sintomas ou exames, se o paciente tem doença de Crohn ou retocolite ulcerativa.

Quais são os fatores de risco para as DII? Como é feito o diagnóstico?

Existem vários fatores de risco que podem aumentar a probabilidade de desenvolver uma doença inflamatória intestinal.

Esses fatores incluem histórico familiar de DIIs, idade (geralmente entre 15 e 35 anos), etnia (mais comum entre pessoas de ascendência norte-europeia e anglo-saxônica, e é de duas a quatro vezes mais comum entre judeus Ashkenazi que em pessoas da raça branca não judias que habitam na mesma região), tabagismo e uso prolongado de anti-inflamatórios não esteroides.

Já o diagnóstico preciso de doença inflamatória intestinal requer a avaliação de um profissional de saúde qualificado.

O médico realizará uma avaliação completa do histórico clínico do paciente, além de um exame físico detalhado e exames complementares podem ser solicitados.

Alguns dos métodos de diagnóstico, comumente utilizados, incluem exames de sangue, fezes, colonoscopia, endoscopia, tomografia computadorizada, ressonância magnética, calprotectina fecal etc. Entretanto, o mais importante é a interpretação de todos os possíveis indícios de suspeita da doença, que muitas vezes pode ser de difícil conclusão diagnóstica, mesmo entre os especialistas. 

Quais são os tratamentos para doença inflamatória intestinal?

O tratamento de doença inflamatória intestinal é, geralmente, individualizado, com base na gravidade da doença, na localização e na resposta do paciente aos medicamentos. Alguns dos principais objetivos do tratamento são reduzir a inflamação, controlar os sintomas e prevenir complicações.

Algumas opções de tratamentos para doença inflamatória intestinal são:

  • Medicamentos: os medicamentos, comumente, prescritos incluem anti-inflamatórios, corticosteróides, imunossupressores e medicamentos biológicos, que visam modular o sistema imunológico.
  • Modificações na dieta: algumas pessoas podem se beneficiar de modificações na dieta, como evitar alimentos que desencadeiam os sintomas ou seguir uma dieta baixa em FODMAPs.
  • Terapia nutricional: em casos graves, nos quais a alimentação oral é inadequada, a terapia nutricional enteral ou parenteral pode ser necessária para fornecer os nutrientes essenciais.
  • Cirurgia: em alguns casos, a cirurgia pode ser necessária para tratar complicações, remover partes danificadas do intestino ou melhorar a qualidade de vida.

Doença inflamatória intestinal: futura doença dos idosos?

A campanha 2022 da European Federation of Crohn’s & Ulcerative Colitis Associations (EFCCA) objetivou aumentar a conscientização sobre o impacto que a Doença Inflamatória Intestinal (DII) tem sobre os idosos.

Sob o slogan DII não tem idade, a EFCCA chamou a atenção para como a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa (coletivamente conhecidas como Doença Inflamatória Intestinal) estão impactando a qualidade de vida e os cuidados dos idosos (acima de 60 anos) afetados.

Este grupo etário tem sido consistentemente sub-representado, embora a incidência e a prevalência de DII em pacientes mais velhos esteja aumentando. Há estimativas de que, na próxima década, essa faixa representará mais de um terço do total dos que têm a doença. No entanto, há poucas evidências científicas para entender como ela afeta a saúde e a qualidade de vida dos idosos.

Pacientes idosos com DII correm um risco muito maior de comorbidades e complicações devido à sua condição; também são mais propensos a tomar uma ampla gama de medicamentos para tratar outras condições.

Intervenções cirúrgicas em populações idosas também podem estar associadas a alto risco. Comorbidades comuns, especialmente malignidade e maior predisposição a infecções, podem tornar os pacientes idosos mais vulneráveis ​​às complicações da imunossupressão.

Segundo a Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP), as doenças inflamatórias intestinais atingem mais de 5 milhões de pessoas em todo o mundo e não têm cura, mas o diagnóstico precoce ajuda a estabelecer um tratamento que melhore sua qualidade de vida.

No Brasil, tem sido observado aumento dos casos nos últimos anos, sendo as mais comuns a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa.

No Brasil, a prevalência das doenças inflamatórias intestinais chega a 100 casos para cada 100 mil habitantes no sistema público, sendo a maior concentração nas regiões Sudeste e Sul.

Em alguns países desenvolvidos, a prevalência pode chegar a até 1% da população. Já a incidência média em 2020 no país foi de sete casos para retocolite ulcerativa e três para doença de Crohn para cada 100 mil habitantes”

Doença inflamatória intestinal: é possível melhorar sua qualidade de vida e conviver com a doença!

Como vimos ao longo do artigo, estar atento aos sinais e sintomas, além de procurar ajuda médica é essencial para identificar, precocemente, as doenças inflamatórias intestinais.

Com um diagnóstico adequado e um plano de tratamento personalizado é possível controlar a inflamação, aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida do paciente. Portanto, não hesite em buscar orientação profissional se suspeitar que está enfrentando uma doença inflamatória intestinal! O tratamento adequado pode fazer uma grande diferença em sua vida.

Sou especialista em doenças proctológicas e intestinais. Se você está buscando ajuda com o tratamento ou tem suspeita de doença inflamatória intestinal, entre em contato através do site!

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