O sangramento anal é mais comumente associado a presença de hemorroidas, mas, na verdade, é um sintoma que pode indicar a presença de diversas doenças, desde condições benignas até problemas graves.
Portanto, é importante compreender as possíveis causas desse sintoma para um diagnóstico adequado e tratamento eficaz.
Neste artigo, vamos revisar algumas das doenças mais comuns associadas ao sangramento anal, característico das hemorroidas, abordando seus aspectos clínicos, de diagnóstico e de tratamento.
Entendendo as hemorroidas
A hemorroida é uma das causas mais comuns de sangramento anal. Elas ocorrem devido ao inchaço dos vasos sanguíneos localizados na região anal. O sangramento é, frequentemente, observado durante ou após a evacuação e, ocasionalmente, acompanhado por sintomas como coceira, dor ou desconforto.
O diagnóstico das hemorroidas é, geralmente, realizado por meio do exame proctológico feito por um médico coloproctologista. O médico pode realizar uma inspeção visual da região anal e também pode realizar um toque retal para avaliar a presença e o tamanho das hemorroidas. Além disso, a anuscopia, um exame para avaliar o canal anal, pode ser realizada para complementar a avaliação das hemorróidas e de condições associadas.
Em casos mais complexos, exames adicionais como a colonoscopia, podem ser necessários para avaliar o reto e os cólons em busca de outras possíveis causas do sangramento.
O tratamento das hemorroidas pode variar de acordo com a gravidade dos sintomas e a extensão das hemorroidas. Em muitos casos, medidas conservadoras são eficazes para aliviar os sintomas e promover a melhora da qualidade de vida. Algumas dessas medidas são:
- Consumir alimentos ricos em fibras, como frutas, legumes e grãos integrais, pode ajudar a prevenir a constipação e reduzir a pressão sobre as hemorróidas durante a evacuação;
- Beber bastante água ajuda a manter as fezes macias e facilita o trânsito intestinal, reduzindo a necessidade de esforço durante a evacuação;
- A aplicação de pomadas ou cremes contendo substâncias como corticosteróides, anestésicos ou agentes vasoconstritores pode proporcionar alívio dos sintomas, reduzindo a coceira, dor e inflamação.
- Em alguns casos, podem ser prescritos medicamentos orais, como analgésicos ou anti-inflamatórios, para aliviar a dor e a inflamação associadas às hemorróidas, além de venotônicos, que auxiliarão na redução do inchaço, do sangramento e da dor local.
Nos casos mais graves – em que as medidas conservadoras não são eficazes – pode ser necessário recorrer a intervenções cirúrgicas para melhora da qualidade de vida.
Existem várias opções cirúrgicas disponíveis para o tratamento das hemorroidas, incluindo ligadura elástica, escleroterapia, coagulação por infravermelho, cirurgia a laser, hemorroidectomia e outras técnicas mais avançadas. A escolha da técnica cirúrgica depende da gravidade, de aspectos sociais e do tipo de hemorroidas.
A cirurgia de hemorroida a laser é considerada uma técnica moderna, simples, pouco invasiva e segura. É realizada através de uma pequena incisão na parte de fora do mamilo hemorroidário, através da qual será introduzida a fibra do laser e ocorrerá a pulsação das ondas do laser e tratamento da doença hemorroidária.
Para este procedimento o paciente pode receber anestesia local (de preferência sob sedação), raquianestesia ou geral.
Tendo dito isto, existem outras condições que podem resultar no sangramento anal. Além das hemorroidas, os principais problemas que podem nos acometer incluem as fissuras anais, a doença inflamatória intestinal e o câncer colorretal.
Sangramento anal e fissuras anais
As fissuras anais são lesões na borda do ânus que se caracterizam por pequenas feridas ou cortes. Elas são uma causa comum de sangramento anal e, geralmente, estão associadas a dor intensa durante a evacuação. A constipação e a passagem de fezes endurecidas são fatores, frequentemente, relacionados ao desenvolvimento de fissuras anais. Além disso, uma condição peculiar dos portadores de fissuras anais são as constantes situações de estresse, o que gera um aumento da pressão da musculatura anal e, consequente, desenvolvimento da fissura anal.
O diagnóstico de fissuras anais é realizado da mesma forma que o diagnóstico das hemorroidas, com uma inspeção visual e, se necessário, a realização de toque retal para descartar outras possíveis condições associadas.
Assim como no caso das hemorróidas, o tratamento das fissuras anais pode variar de acordo com a gravidade dos sintomas. Em casos menos graves, todas as dicas que demos para auxiliar contra as hemorróidas também valem para as fissuras anais. Além disto, o uso de medicações tópicas, na forma de cremes à base de relaxantes musculares e anestésicos tópicos, pode ser um importante auxílio para a cicatrização das fissuras anais e melhora dos sintomas.
Porém, se as medidas conservadoras não forem eficazes ou se a fissura anal for crônica, o médico pode recomendar intervenção cirúrgica. A cirurgia para tratamento das fissuras anais pode envolver a remoção da fissura associada a aplicação de toxina botulínica ou a dilatação do esfíncter anal, além de outras técnicas para promover a cicatrização e aliviar os sintomas, como por exemplo o uso do laser de CO².
Leia também: Tratamento com toxina botulínica para fissura anal!
Doença inflamatória intestinal (DII)
O grupo das doenças inflamatórias intestinais (DII), que inclui doenças como a Doença de Crohn e a colite ulcerativa, é um grupo de doenças crônicas caracterizadas por inflamação persistente do trato gastrointestinal.
A etiologia exata da DII ainda é desconhecida, mas acredita-se que seja resultado de uma combinação de fatores genéticos, imunológicos e ambientais.
Um sintoma comum em pessoas com DII é o sangramento anal, principalmente, durante as crises de atividade da doença. Esse sangramento é resultado da inflamação e úlceras presentes no revestimento do trato gastrointestinal.
O diagnóstico da DII é realizado por meio de uma combinação de história clínica detalhada, exame físico, exames laboratoriais e exames de imagem. A colonoscopia é, frequentemente, utilizada para avaliar a extensão e a gravidade da inflamação no cólon e no reto.
O tratamento da DII é multifacetado e depende da gravidade e localização da doença, além da resposta individual de cada paciente. O objetivo principal do tratamento é controlar a inflamação, aliviar os sintomas e prevenir contra o desenvolvimento do câncer de intestino. A terapia medicamentosa desempenha um papel fundamental no tratamento da DII.
Em casos mais graves, em que a terapia medicamentosa não é eficaz ou quando há complicações, a cirurgia pode ser necessária. Na doença de Crohn, a cirurgia pode envolver a remoção de áreas afetadas do intestino, enquanto na colite ulcerativa, a remoção completa do cólon e do reto (colectomia total) pode ser realizada.
Câncer colorretal
Por outro lado, o câncer colorretal é uma doença que afeta os cólons e o reto, pertencentes ao chamado intestino grosso. É uma das formas mais comuns de câncer em todo o mundo – sendo um problema muito mais grave do que as hemorróidas, mas de menor ocorrência.
O diagnóstico do câncer colorretal é realizado por meio de diversos exames – incluindo a colonoscopia, no qual um tubo flexível com uma câmera é inserido pelo ânus para visualizar os cólons e o reto. Durante a colonoscopia, o médico pode identificar lesões suspeitas, como pólipos ou tumores, e coletar amostras de tecido para biópsia.
O tratamento do câncer colorretal depende, principalmente, do estágio da doença no momento do diagnóstico.
A cirurgia é o principal tratamento para câncer colorretal e envolve a remoção do tumor, juntamente com margens de tecido saudável ao redor e dos linfonodos circunjacentes. Dependendo do estágio do câncer e de outros fatores, pode ser necessário além da remoção de uma parte do cólon ou do reto, até mesmo realizar uma colostomia temporária ou permanente, e até a realização de quimio e/ou radioterapia.
A conhecida quimioterapia pode ser administrada antes ou após a cirurgia para destruir células cancerígenas ou reduzir o risco de recorrência. A terapia-alvo é um tipo de tratamento mais recente que envolve o uso de medicamentos específicos para atacar alvos moleculares no câncer. A radioterapia é utilizada nos casos de câncer de reto médio ou inferior, em alguns estágios específicos, tendo a função de destruir e/ou reduzir as células tumorais da região pélvica, onde fica localizado os retos médio e inferior.
Consulte um médico
Se você pensa estar com hemorroidas ou algo semelhante, não hesite em procurar ajuda o quanto antes. O sangramento anal pode ser um sintoma alarmante, mas é importante lembrar que nem sempre está relacionado a doenças graves – portanto, é essencial procurar avaliação médica para identificar a causa do sangramento anal.
O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são fundamentais para um manejo eficaz da hemorroida e de condições mais graves. Agende sua consulta hoje mesmo para cuidar da sua saúde!