A endometriose intestinal apresenta desafios no seu tratamento, mas estamos aqui para trazer mais informações e te ajudar nesta luta!
Primeiramente, o que precisa saber é que a endometriose deriva da mesoderme, a camada intermediária das três camadas embrionárias. Assim, consideramos essa condição congênita, que se manifesta mais tarde na vida, sendo influenciada por hormônios e outros fatores.
Introduzida pelo médico americano Dr. David B. Redwine, a noção de ‘Mulleriose’ expande nossa compreensão sobre as patologias associadas ao desenvolvimento anormal dos ductos Mullerianos, estruturas precursoras dos órgãos reprodutivos femininos.
A endometriose intestinal, especificamente, ocorre quando o tecido endometrial acomete o intestino. Além disso, pode ser classificada como endometriose profunda intestinal ou grau IV, que, conceitualmente, é quando invade mais de 5 mm da parede do órgão.
Desse modo, este artigo proporcionará valiosos insights sobre essas condições e os procedimentos cirúrgicos utilizados em sua abordagem.
Diagnosticando a endometriose intestinal
Para um tratamento eficaz, é importante diagnosticar a endometriose intestinal quanto antes, o que é alcançado por meio de uma combinação de exames clínicos e um histórico médico detalhado.
Nesse sentido, os exames de imagem desempenham um papel fundamental na confirmação e avaliação da endometriose intestinal. A ultrassonografia transvaginal e a ressonância magnética abdominal e pélvica (ambas com preparo intestinal) são ferramentas essenciais que oferecem informações detalhadas sobre a localização, extensão e gravidade das lesões endometrióticas.
A ultrassonografia transvaginal é particularmente útil na identificação de lesões em órgãos pélvicos, enquanto a ressonância magnética fornece uma visão mais abrangente das lesões intestinais e sua relação com outras estruturas abdominais. Lembrando de que estes exames são complementares para o diagnóstico das lesões endometrióticas.
Assim, esses exames são fundamentais para orientar a equipe médica na escolha do melhor plano de tratamento para cada paciente, permitindo uma abordagem mais precisa e personalizada.
No entanto, é importante ressaltar que a cirurgia laparoscópica para diagnóstico não é recomendada pelos principais protocolos de endometriose, devido se tratar de um ato cirúrgico, incluindo anestesia geral e incisões abdominais (mesmo que diminutas).
O racional, do tratamento moderno, é planejar a cirurgia definitiva utilizando uma associação de dados clínicos através de uma boa anamnese (história clínica), exame físico direcionado e especializado, bem como, exames complementares para mapeamento da endometriose (ultrassonografia e/ou ressonância magnética).
Algo importante a se dizer é que a colonoscopia não é considerada um exame para diagnosticar a endometriose intestinal, mas sim para afastar outros possíveis diagnósticos diferenciais concomitantes, como por exemplo o câncer de intestino ou a doença de Crohn.
Endometriose intestinal: tipos de cirurgia
A escolha da técnica cirúrgica depende de fatores como:
a extensão e localização das lesões;
a presença de sintomas intensos, especialmente durante o período menstrual.
Essa forma complexa da doença requer abordagens cirúrgicas precisas e minimamente invasivas para garantir a eficácia do tratamento e a recuperação do bem-estar da paciente.
Além disso, é importante ressaltar que o diagnóstico precoce da endometriose intestinal é fundamental para evitar complicações e melhorar o prognóstico da endomulher.
A seguir, detalhamos os principais tipos de procedimentos cirúrgicos:
Cirurgia laparoscópica ou robótica para endometriose intestinal
Os médicos podem realizar a cirurgia de forma minimamente invasiva, seja por videolaparoscopia ou com o auxílio de plataformas robóticas, garantindo precisão e menor impacto na paciente. Este procedimento pode incluir:
- Ressecção em Bloco com Peritoniectomia: remoção da área afetada juntamente com uma parte do peritônio.
- Histerectomia Total: opcional, dependendo do desejo da paciente de engravidar e dos sintomas.
A cirurgia laparoscópica ou robótica é uma opção para remover a doença, envolvendo a ressecção em bloco com peritoniectomia, com ou sem histerectomia total, dependendo do desejo de engravidar, dos sintomas e do estágio apresentado pelo paciente.
Mesmo nessas cirurgias minimamente invasivas, seja por vídeo ou robótica, a retirada da lesão é realizada. Embora o acesso seja minimamente invasivo, a ressecção ainda é parte do procedimento, garantindo uma abordagem eficaz para o tratamento da endometriose intestinal.
1. Shaving
Podemos utilizar essa técnica como um passo inicial ou complementar no tratamento cirúrgico.
Essa técnica envolve a raspagem superficial das lesões endometriais, preservando a estrutura intestinal.
Nesse sentido, é especialmente útil em casos mais superficiais ou como parte de uma abordagem combinada com ressecção intestinal, proporcionando uma alternativa eficaz para o manejo da endometriose intestinal.
2. Ressecção discoide
Nas ressecções discoides, removemos a parte anterior da parede intestinal – onde a lesão está localizada – em forma de disco usando um grampeador mecânico circular.
Este procedimento é realizado após o shaving em lesões que penetram profundamente nas paredes intestinais, com menos de 30% de comprometimento circunferencial.
Desse modo, a ressecção discoide permite uma abordagem precisa e eficaz no tratamento das lesões intestinais com menor tamanho, mas que já invadem as camadas mais profundas da parede intestinal.
3. Ressecção segmentar
Quando a endometriose afeta uma extensão maior do intestino (acometendo mais de 30mm de diâmetro, mais de 30% da circunferência e além da camada muscular), recomendamos a ressecção segmentar.
Primeiramente, este procedimento envolve a retirada de parte do intestino, normalmente entre 10 a 20 cm, seguida pela reconexão direta das extremidades intestinais (anastomose primária).
E mesmo nesta técnica mais radical, em primeiro momento, não é necessária a utilização da bolsinha de colostomia.
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Consulte com um especialista
Ao abordar os desafios da endometriose intestinal e elucidar os procedimentos cirúrgicos avançados disponíveis, enfatizamos a importância crítica do acompanhamento especializado.
Além do acompanhamento com especialista, é primordial que seu tratamento aconteça por uma equipe multidisciplinar, principalmente, no caso da endometriose intestinal.
Conte comigo, Dr. Alexandre Nishimura, meu amigo ginecologista, Dr. Igor Chiminacio e toda nossa equipe especializada. Nós ouvimos os seus sintomas e acreditamos na sua dor!
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Dr. Alexandre Nishimura
Coloproctologia | Cirurgia Robótica | Videolaparoscopia
CRM-SP 123.875 | RQE 33.011 – RQE 70.525